“Sendo a maior contribuição da nossa música popular ao teatro, e vice-versa, “Rosa de Ouro” aponta também o caminho para que se consagre o casamento definitivo entre os dois: o caminho da simplicidade e da vontade de procurar o que há de melhor neste canteiro da arte popular bela e pura que é Rio de Janeiro. De “Rosa de Ouro”, o magnífico espetáculo que o poeta Hermínio Bello de Carvalho idealizou e dirigiu e que Kleber Santos produziu para o teatro jovem, há muita coisa que se dizer: revelou, aos 63 anos, uma das mais autênticas e talentosas cantoras brasileiras, Clementina de Jesus, possibilitou o reencontro com o público da maior estrela de revista dos nossos palcos, Aracy Cortes; lançou o mais representativo conjunto vocal dos morros cariocas (é formado por compositores das escolas de samba Estação Primeira, Portela, Acadêmicos do Salgueiro e Aprendizes de Lucas). Muita coisa a mais seria para dizer sobre “Rosa de Ouro”, mas a Odeon se encarregou de exprimir-se melhor, dando uma bela síntese do espetáculo neste disco, e a imprensa carioca já usou todos os adjetivos possíveis para demonstrar o seu valor.” O texto acima, escrito pelo jornalista Sérgio Cabral, foi retirado do encarte original da trilha sonora do espetáculo “Rosa de Ouro”, montado em 1965. Esse espetáculo, realizado no teatro jovem, em Botafogo, não era apenas um show, mas sim um musical. A conotação teatral do evento reunia músicas e histórias para contar um pouco da cultura do samba carioca. Havia músicas de personagens importantes do samba como Nelson Cavaquinho, Paulo da Portela, Sinhô, Geraldo Pereira e Ismael Silva. O roteiro de Hermínio Bello de Carvalho e a direção de Cléber Santos, diretor do teatro, foram muito bem representados por nomes como Clementina de Jesus, Elton Medeiros, Aracy Cortes, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho e o próprio Paulinho. Para completar a riqueza do espetáculo, foram usadas, como elementos de ligação, gravações com depoimentos de Cartola, Carlos Cachaça, Donga, Ismael Silva, Pixinguinha, Sérgio Porto, Sérgio Cabral entre outros. Certamente, um espetáculo para ficar na memória. |
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